A escola que faz da
quantificação dos resultados (dos alunos) o seu objectivo condena o processo de aprendizagem às
grelhas de classificação, numa perversa lógica de exclusão, exclusão dos saberes, da cooperação,
dos alunos. Comparar a escola feita por e para examinadores com uma escola para o
progresso é comparar uma exploração agropecuária com a floresta amazónica!
grelhas de classificação, numa perversa lógica de exclusão, exclusão dos saberes, da cooperação,
dos alunos. Comparar a escola feita por e para examinadores com uma escola para o
progresso é comparar uma exploração agropecuária com a floresta amazónica!
Para uma análise
mais profunda, deixo-vos o texto da Joana Martins
O
cenário que presenciei na escola em maio fez-me recordar as histórias dos meus
pais sobre o
dia em que fizeram o seu exame da 4ª classe. 40 anos depois, o cerimonial manteve-se, as
personagens mudaram: milhares de alunos de 4º e 6º ano a realizarem os exames de Português
e de Matemática.
dia em que fizeram o seu exame da 4ª classe. 40 anos depois, o cerimonial manteve-se, as
personagens mudaram: milhares de alunos de 4º e 6º ano a realizarem os exames de Português
e de Matemática.
Esperava-se
que o “mundo pulasse e avançasse”, mas as políticas educativas impuseram um
sistema de operações de controlo, que, contrariamente às expectativas, acarretam um
empobrecimento do processo de ensino/aprendizagem, sobretudo, nos últimos 3 anos, com
os exames de 4º e 6º ano e a adesão das escolas aos testes intermédios em vários anos de
escolaridade. Um aluno de 9ºano pode estar sujeito à realização de 7 testes intermédios do
IAVE + 3 exames do IAVE + “fichas” e “testes” que nós, professores, aplicamos sob pretexto
de irmos “treinando” os alunos para os exames finais.
sistema de operações de controlo, que, contrariamente às expectativas, acarretam um
empobrecimento do processo de ensino/aprendizagem, sobretudo, nos últimos 3 anos, com
os exames de 4º e 6º ano e a adesão das escolas aos testes intermédios em vários anos de
escolaridade. Um aluno de 9ºano pode estar sujeito à realização de 7 testes intermédios do
IAVE + 3 exames do IAVE + “fichas” e “testes” que nós, professores, aplicamos sob pretexto
de irmos “treinando” os alunos para os exames finais.
O
resultado é um segundo e terceiro trimestres asfixiados, com muitos de nós a
abdicarem
da sua criatividade e autonomia, do seu empenho no desenvolvimento de uma cidadania ativa
para se submeterem a um modelo de ensino domesticado, trabalhando com os alunos para o
exercício repetitivo de preparação para as provas de exame. Dispositivos de avaliação que se
limitam a produzir juízos arbitrários sobre uma quantidade mínima de conteúdos, jamais capazes
de avaliar o aluno enquanto cidadão. As últimas informações da OCDE alertam
precisamente para o carácter penalizador dos exames e para a sua função de exclusão social,
visto que acabam por revelar mais do contexto socioeconómico dos alunos do que dos seus
saberes e competências.
da sua criatividade e autonomia, do seu empenho no desenvolvimento de uma cidadania ativa
para se submeterem a um modelo de ensino domesticado, trabalhando com os alunos para o
exercício repetitivo de preparação para as provas de exame. Dispositivos de avaliação que se
limitam a produzir juízos arbitrários sobre uma quantidade mínima de conteúdos, jamais capazes
de avaliar o aluno enquanto cidadão. As últimas informações da OCDE alertam
precisamente para o carácter penalizador dos exames e para a sua função de exclusão social,
visto que acabam por revelar mais do contexto socioeconómico dos alunos do que dos seus
saberes e competências.
E
podemos ainda acrescentar o pesado sistema burocrático e administrativo que
toda esta
dinâmica acarreta na vida das escolas, com a necessidade de organização de espaços, de
equipas de professores vigilantes, corretores, de um secretariado de exames… não nos
restando tempo para desenvolver a nossa cultura pedagógica, que é isso que afinal nos é exigido.
dinâmica acarreta na vida das escolas, com a necessidade de organização de espaços, de
equipas de professores vigilantes, corretores, de um secretariado de exames… não nos
restando tempo para desenvolver a nossa cultura pedagógica, que é isso que afinal nos é exigido.
Igualmente
preocupante é observar como as escolas, enredadas neste sistema de
controlo, acrescentam a obrigatoriedade de testes iguais para todas as turmas de cada ano,
atropelando ainda mais o percurso de ensino/aprendizagem de cada turma, de cada aluno.
De facto, cada grupo de alunos possui interesses, necessidades e ritmos que devem ser
respeitados.
controlo, acrescentam a obrigatoriedade de testes iguais para todas as turmas de cada ano,
atropelando ainda mais o percurso de ensino/aprendizagem de cada turma, de cada aluno.
De facto, cada grupo de alunos possui interesses, necessidades e ritmos que devem ser
respeitados.
Cabe-nos
a nós, professores, a responsabilidade de tornar esta escola uma outra
instituição,
porque, efetivamente, é possível outra escola com outro modelo de avaliação,
transformadora, participada democraticamente por alunos e professor(a) que, em conjunto,
planificam, avaliam e refletem criticamente sobre o seu trabalho e o desenvolvimento
sociomoral. Uma escola sem penalizações nem exclusões, assente num trabalho cooperativo,
onde cada um se torne consciente de que só pode alcançar os seus objetivos de
aprendizagem para o seu desenvolvimento cultural e social na escola se todos os outros
conseguirem alcançar os seus.
porque, efetivamente, é possível outra escola com outro modelo de avaliação,
transformadora, participada democraticamente por alunos e professor(a) que, em conjunto,
planificam, avaliam e refletem criticamente sobre o seu trabalho e o desenvolvimento
sociomoral. Uma escola sem penalizações nem exclusões, assente num trabalho cooperativo,
onde cada um se torne consciente de que só pode alcançar os seus objetivos de
aprendizagem para o seu desenvolvimento cultural e social na escola se todos os outros
conseguirem alcançar os seus.
Joana
Martins, professora de Português do ensino secundário"
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