quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Lições de coisas

“As lições de coisas, que são a glória da escola moderna e grande manancial de conhecimentos; que são da maior importância para a formação do espírito; são qualquer coisa que ainda não passou do campo da teoria para a prática, ou que, se passou, apenas um pequeno número as compreendeu." (p.278)"

Ramalho, A. (1909). Impressões sobre as escolas de França e Bélgica e crítica da educação e instrução primária em Portugal

As "lições de coisas", tornaram-se uma bandeira e arma de arremesso da Escola Nova, alvo de acesos debates sobre a sua aplicação, no ambito da educação activa e do ensino intuitivo. No essencial as lições de coisas eram um processo (não chegam a ser um método) que colocava o aluno em contacto com directo com "as coisas", por oposição às lições meramente expositivas e doutorais do professor. Integravam-se nas lições de coisas as visitas de estudo e excursões (muitas delas ao campo, para estudar flora, zoologia e geologia) e os laboratórios de física e química, embora tenham sido ensaiadas lições de coisas na área da gramática, aritmética e outras que não as das ciencias naturais.


As palavras de Ramalho acerca destas "lições de coisas", ou pelo menos do espírito e doutrina educativa que nelas está presente, permanecem hoje bastante actuais, sendo que elas parecem agora tão arredadas da prática como da teoria propalada pelos gabinetes da 5 de Outubro... é que por mais lições de coisas que haja, há coisas que não entram em cabeças que nunca tiveram lições.

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