Os rankings escolares, como os conhecemos em Portugal, medem o desempenho dos alunos nos exames nacionais de Português e Matemática.
Os exames têm em média a duração
de duas horas, e a média dos alunos de cada escola nesse exame determina a sua
classificação no ranking.
A teoria é que a escola com
classificação mais alta será a melhores. E que os alunos dessa escola são os
melhores e que o aluno melhor classificado na escola com melhor classificação
seria o melhor aluno de Portugal.
A falácia, no entanto, é que o
aluno com melhor classificação no exame pode nem sequer ser o melhor aluno da escola,
e que a escola com melhor média nos exames pode não ser a escola em que os
alunos têm melhores notas.
E pode até ser que ter melhores
notas não seja o melhor nada.
A escola não existe, não deveria
existir para ter as melhores notas. A escola não deveria servir para comparar notas
de alunos e nem para serem comparadas pelas notas dos seus alunos.
Sobretudo quando essa comparação
se baseia em duas horas da sua actividade anual.
Sobretudo quando essa comparação
é uma falácia. É-o pelo atrás descrito e porque tudo assenta numa premissa
duplamente falsa, a da igualdade: a suposta validade dos rankings assenta no principio
da igualdade dos testados face ao teste, sendo o teste único, todos estão em
igual condições de o realizar, pelo que o seu desempenho é determinado pelo
grau de domínio das matérias em teste. A duplicidade da falsidade da premissa
consiste na efectiva não igualdade dos alunos face ao teste porque são pessoas
diferentes, com capacidades e históricos pessoais diferentes e a menos que a
escola tenha como objectivo normalizar as pessoas enquanto alunos, a escola não
anula as diferenças pessoais. A primeira falsidade é demonstrada quando se
constata que pessoas diferentes não encaram uma situação de teste de forma
igual. A segunda falsidade decorre daquilo que os exames medem. O exames não
medem a qualidade das escolas nem a qualidade dos alunos, eles medem o grau de
acerto dos alunos às questões colocadas, no momento e local certo ( dia, hora e
local do exame), grau de acerto esse validado por uma grelha de critérios
definida pelo Ministério da Educação. E “acertar” nas respostas previstas na
grelha não é o mesmo que saber. Para acertar é necessário saber ou ter muita
sorte, mas pode-se saber e nem sequer responder à questão. Pode-se responder à
questão mas não no local, dia ou hora pretendidos pelo Ministério ou acertando
no local e hora, errar na forma.
E aqueles que acertam são, regra
geral os que foram treinados para tal. E as escolas dos alunos que mais acertam
são tendencialmente as que treinam (e por vezes seleccionam) os alunos para
acertarem nas questões de exame.
E as escolas que investem mais no
treino para os rankings não são as melhores escolas. Não o são porque excluem.
E uma escola que exclui não pode ser uma boa escola, porque uma escola que
exclui alunos, exclui cidadãos e ensina e premeia a exclusão, cria descriminação,
encerra os eleitos em guetos de egoísmo, competição e inorância, porque a vida
e a construção de uma sociedade melhor não é feita pelos “melhores” alunos, é
feita por todos, porque não somos ilhas e não nos pode bastar ter o “melhor em
qualquer coisa”, é necessário que a escola contribua para que sejamos todos um
bocadinho melhores, mesmo que esse bocadinho seja muito pouco, um quase nada,
mas que ninguém fique para trás e que esse quase nada seja um quase tudo para
todos e não um “mais que tudo“ para apenas alguns.
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