Seremos capazes de nos educar a nós próprios? Seremos capazes de
nos conduzir pela vida aprendendo de forma coerente e consequente?
Todas as escolhas são
por definição a opção por um caminho em detrimento da maioria dos restantes. Muito
embora nem sempre uma escolha implique a exclusão de tudo o resto, muitas vezes
a coerência, se levada em conta como um critério sério, leve a essa
consequência.
Quando é que uma escolha deixa de ser, então, uma rejeição, e
passa a ser uma adição, um acrescento ao que existe? Creio que será quando duas
condições se reúnem:
1. Quando essa escolha é
coerente, embora não coincidente com as nossas anteriores opções, e
2. Quando essa escolha
resulta das aprendizagens que fizemos.
Nesse contexto a escolha, a opção consciente e consequente
torna-se um mote de vida e uma política, uma visão do mundo, de nós próprios e
dos outros que nos conduz pela vida, nem sempre pelos caminhos que gostaríamos,
mas pelos que nos comprometemos. Aqui caberia dizer que o comprometimento
parece coisa em desuso, a não ser no sentido da marosca em que alguém foi
apanhado, mas ele pode ser outra coisa, algo que nos mantém de pé perante o
vendaval e tranquilos perante o abismo.
Mesmo nos pequenos actos, gestos quotidianos, a escolha está
presente, muitas vezes adormecida pelos apelos da urgência e alienação dos
estímulos sensitivos. Olhamos e não vemos, ouvimos e não compreendemos, não
sentimos. Não escolhemos, deixamos que escolham por nós, abstemo-nos de ser, de
sermos.
A primeira escolha é ser. De forma comprometida, connosco, com os
outros e com o mundo, cheio de defeitos e virtudes, como o conseguimos ver,
como o conseguimos apre(e)nder. Por isso o peso da escolha é o peso da aprendizagem
que carregamos nos ombros, no cérbero e no coração. Por isso já na Bíblia se pode
ler: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”,
porque a esses não pesam as escolhas, tão só a consequência das escolhas
alheias, e com essas pouco ou nada se aprende.
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