quinta-feira, 22 de maio de 2014

O peso da escolha

Seremos capazes de nos educar a nós próprios? Seremos capazes de nos conduzir pela vida aprendendo de forma coerente e consequente?
Todas as escolhas são por definição a opção por um caminho em detrimento da maioria dos restantes. Muito embora nem sempre uma escolha implique a exclusão de tudo o resto, muitas vezes a coerência, se levada em conta como um critério sério, leve a essa consequência.
Quando é que uma escolha deixa de ser, então, uma rejeição, e passa a ser uma adição, um acrescento ao que existe? Creio que será quando duas condições se reúnem:
1.    Quando essa escolha é coerente, embora não coincidente com as nossas anteriores opções, e
2.    Quando essa escolha resulta das aprendizagens que fizemos.
Nesse contexto a escolha, a opção consciente e consequente torna-se um mote de vida e uma política, uma visão do mundo, de nós próprios e dos outros que nos conduz pela vida, nem sempre pelos caminhos que gostaríamos, mas pelos que nos comprometemos. Aqui caberia dizer que o comprometimento parece coisa em desuso, a não ser no sentido da marosca em que alguém foi apanhado, mas ele pode ser outra coisa, algo que nos mantém de pé perante o vendaval e tranquilos perante o abismo.
Mesmo nos pequenos actos, gestos quotidianos, a escolha está presente, muitas vezes adormecida pelos apelos da urgência e alienação dos estímulos sensitivos. Olhamos e não vemos, ouvimos e não compreendemos, não sentimos. Não escolhemos, deixamos que escolham por nós, abstemo-nos de ser, de sermos.

A primeira escolha é ser. De forma comprometida, connosco, com os outros e com o mundo, cheio de defeitos e virtudes, como o conseguimos ver, como o conseguimos apre(e)nder. Por isso o peso da escolha é o peso da aprendizagem que carregamos nos ombros, no cérbero e no coração. Por isso já na Bíblia se pode ler: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”, porque a esses não pesam as escolhas, tão só a consequência das escolhas alheias, e com essas pouco ou nada se aprende.

Sem comentários:

Enviar um comentário