sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Parabéns à nossa Voz



«Soubesse eu escrever [...]» Do pequeno círculo de tabaqueiros que à hora do almoço discutiam, em plena oficina, o agravo de lhes ter sido recusada a publicação na imprensa de uma notícia sobre a sua situação e a sua luta, a frase passou ao relato escrito. Tê-la-ia proferido um trabalhador tabaqueiro analfabeto: Custódio Gomes. E terá sido Custódio Gomes que, no dia seguinte, na reunião da Associação de Socorros Mútuos União Fraternal dos Operários dos Tabacos, fez a proposta da criação de um jornal da classe dos manufactores de tabaco.

Numa modesta casa do n.° 3 do Beco do Fróis, ao Menino Deus (hoje Rua de Norberto Araújo), tiveram lugar as reuniões das quais nasceu A Voz do Operário. Nelas participaram, entre outros, Eusébio Luís de Paula, Joaquim Augusto Dias, Júlio Maria da Costa, José Bento de Oliveira, Agostinho Alves de Sousa, Pedro Carvalho, Custódio Gomes e Custódio Brás Pacheco. Decidiram publicar um semanário e fixaram em 10 réis o preço do exemplar. Dessas reuniões saiu a redacção e a turma dos administradores. Constituiriam a redacção: Custódio Brás Pacheco, Eusébio Luís de Paula, Joaquim Augusto Dias, Júlio Maria da Costa, José Bento de Oliveira e Pedro José de Carvalho. Da administração ocupar-se-iam:  Agostinho Alves de Sousa, João António Alves e Eusébio Luís de Paula, que figurava também como redactor. O primeiro número de A Voz do Operário saiu a 11 de Outubro de 1879.

In Fernando Piteira Santos  Análise Social, vol. XVII (67-68), 1981-3.o-4.o, 681-693 -  A fundação de «A Voz do Operário»— do «abstencionismo político» à  participação no «congresso possibilista» de 1889

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